quinta-feira, 20 de setembro de 2012

A Porta


Os gritos dela ecoavam pela casa. Ecoavam nos seus ouvidos. Dor. Desespero. Morte. Você não conseguia se livrar deles, mesmo depois do fim, os gritos ainda se ouviam por todos os cômodos. Então, a agonia terminou. Acabou. Mas ninguém disse que o final se estendia indefinidamente... e os gritos ficaram cravados na memória das paredes, da cama, na porta fechada, branca, impassível. A porta do julgamento. Dizendo o que voce não fez. Quando voce não esteve. Atrás daquela porta toda dor, toda agonia ainda existiam e você não fez nada. Você não estava lá. Mesmo ao ouvir os gritos, o desespero, aquilo doía em você tanto quanto nela mas entrar por aquela porta, não, você não suportou. Agora se resigna na própria covardia e vergonha. E a culpa, essa companheira invisível, você carregará para todo o sempre. Mesmo que o sempre tenha um fim.

Um comentário:

  1. Desculpa a minha chatisse... realmente quero contribuir. Olha só como a pontuação fica diferente:
    "Os gritos dela ecoavam pela casa. Ecoavam nos seus ouvidos. Dor. Desespero. Morte. " A leitura das palavras fica mais pausada, pois a vírgula é uma pausa pequena, mas o ponto uma grande pausa.
    "tanto quanto nela, mas entrar por aquela porta... Não! Você não suportou."
    A leitura ganha graça com a pontuação variando mais!
    Abraço!

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